quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Crise existencial

Parte 2

Bom, depois dessa semana de fugas, tive um tempo bom em Amsterdam. Mas no sábado eu não estava me sentindo bem comigo mesma. Nao sei se foi pela falta que eu sentia dos meus amigos, o cansaço de certas futilidades, irritação por não comprrender muito bem as atitudes das pessoas, ou frustração, lembranças ruins, situações dificeis... Enfim... não sei dizer o real motivo, mas naquele dia eu acordei odiando a cidade, a viagem, e tudo.
A Mio me mandou uma mensagem me chamando para ir ao Vondel Park, pois era um dia com um sol belíssimo. Aceitei, até porque precisava desabafar com alguém. Sabia que ela me entenderia. E eu estava feliz em saber que deixaria Amsterdam em breve.
Antes de sair de casa, três meninos das ilhas Mallorca, deixaram uma mensagem no CS, dizendo que estavam chegando na cidade e que gostariam de sair pra beber alguma coisa. Respondi a mensagem e marcamos. Não tinha mesmo o que fazer.
Fui até o Vondel Park com a Mio e depois fomos á noite para a Leidseplein encontrá-los. Tomamos umas cervejas, e foi estranho porque os 3 tinham apenas 18 anos e embora eu seja 1 ano e vários meses mais velha, eles pareciam muito imaturos pra se ter uma boa conversa. Mesmo assim, foi divertido e depois eu e a Mio decidimos ir á Melkweg, boate que eu queria ir desde que eu cheguei. Convidei-os, mas eles disseram que não podiam ir. Nove euros era muito caro para pobres viajantes.
Mas felizes foram eles, nove euros por uma das piores noites da minha vida. Eu já não estava muito bem, e quanto mais eu saía, mas eu me sentia pior. A minha crise existencial tinha chegado ao nível máximo. Eu precisava fazer alguma coisa, ou conhecer alguém que eu me divertisse de verdade e que me fizesse mudar de opinião sobre as pessoas de lá que me pareciam tão loucas e tão estranhas.
Cheguei em casa, e segui o conselho do Guido, um holandês que parecia legal quando nos conhecemos, mas que só tinha 2as intenções. Dia desses, ele me levou num restaurante árabe caríssimo super romântico só pra tentar alguma coisa. Ele apenas tinha me chamado pra sair, e eu não sabia onde iríamos. Foi uma surpresa, porque ele antes parecia ser uma pessoa "amiga".
Infelizmente eu estava errada, mas quem não se engana? E infelizmente pra ele, eu não sou qualquer uma, e tanto é que eram só 2as intenções que eu nunca mais o vi, também não fazia o mínimo de questão.
Mas continuando, seguindo o conselho dele, mesmo faltando 2 dias pra eu deixar a cidade, abri uma conta num site de relacionamento, só que apenas para Holandeses. E em seguida mandei umas mensagens explicando que eu era turista e que queria saber os lugares bons da cidade e o que eu deveria ver antes de partir, pra ver se eu me distraía e aproveitar, pra conhecer algumas pessoas que vivem lá, e talvez mudar a péssima impressão que eu estava daquela cidade que eu havia me apaixonado desde o dia em que eu cheguei.
Fiz isso pensando que nunca teria nenhuma resposta, e que poderia parecer meio idiota, mas de qualquer forma fiz. Não tinha nada á perder.
Porém, surpreendentemente, surgiram rapidamente umas mensagens com sugestões de lugares, boas-vindas e uma super inesperada.
Quando abri a minha caixa de e-mail, tinha uma nova mensagem de um homem chamado Tim. Nela, ele me dava as boas-vindas á cidade, perguntou se eu estava gostando, disse que achava que era meio complicado de se viajar sozinho, pois havia passado 6 meses na Espanha na mesma situação.
No fim da mensagem, ele perguntou se eu gostaria de encontrá-lo pra beber alguma coisa, pois estava a maior parte das noites livre na semana.
Pelas fotos, ele parecia bonito e não perigoso. Mas eu não acredito em fotografias.
Apesar disso, respondi que tinha mais 2 noites livre, pois iria embora logo.
Então, deixei o meu telefone, mas não achava que daria tempo. Estava muito em cima.
Uns minutos depois, ele me mandou uma mensagem no celular perguntando se eu estava livre naquela noite. Respondi que sim, e marcamos as 9. Ele me perguntou em que parte da cidade eu estava hospedada, e coincidentemente era muito perto de onde ele mora, então ele sugeriu vir me buscar em casa.
Fiquei abismada porque até hoje, isso nunca aconteceu. Ainda mais uma pessoa que nem me conhece e que eu imaginei que não deveria ter carro. Mas como lá não é o Brasil, e por ele ser Holandês e morar em Amsterdam, eu tinha certeza que ele viria de bicicleta.
Dei as direções de onde era exatamente (que depois ele veio me dizer que eu troquei a esquerda pela direita, erros de tradução pra outra lingua, acontece) e ele apareceu de bicicleta na outra rua enquanto me ligava. Ele não tinha me visto porque eu disse o lado errado, então, eu disse que o estava vendo, sendo que como sou uma pessoa que enxerga muito bem, eu via só uma pessoa que podia ser homem ou mulher numa bicicleta. Pedi que ele parasse que eu iria até ele.
Ele estava de costas enquanto eu me aproximava. Dei um "hi!" e ele se virou.
Ah, como eu queria ter visto a minha cara nessa hora. Só consegui pensar em como um homem tão bonito, e que por sinal se vestia muito bem como a maioria dos holandeses, poderia ter sido tão gentil e amigável e respondido a minha louca mensagem.
Enfim, perguntei onde iríamos e ele disse que pra um bar não muito longe, mas que seria melhor se eu pegasse uma carona no veículo dele. MAS, depois das minhas experiências anteriores não tão bem sucedidas em cima de uma bicicleta, recusei e expliquei o porque. Ele riu e fomos andando mesmo e conversando. Ele contava sobre o tempo que passou na Espanha, e eu sobre minhas loucas experiências em Amsterdam.
Foi bem cansativo andando, mas chegamos rápido ao bar, meio vazio, mas com uma aparência aconchegante. Conversamos bastante e a cada meio copo de cerveja, ele ia ao banheiro. Eu só fiquei super curiosa sobre qual seria o motivo de tantas idas ao banheiro.


Continua....

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