domingo, 31 de agosto de 2008
Back in the game!!!
Bom, estava eu na Suíça, agora muito melhor e resolvi vir pra Amsterdam, cheguei aqui no dia 19. Estava em contato com um Brasileiro que me encontrou em uma comunidade e chegando aqui descobri que ele resolveu ficar no mesmo Hostel que eu.
Viajei até Koln na Alemanha, hooooooooooras e depois fiquei 1 hora e pouca la na estaçao esperando o proximo trem pra Amsterdam. E quanta gente louca tem dentro de estaçao de trem. Um velho tarado ficou me seguindo até eu embarcar no trem pra Amsterdam, o porque eu nao sei. De Koln só vi mesmo um pedaço pelo trem e a estação, porque realmente eu nao estava a fim de ficar andando por aí com uma mochila pesando 47 litros.
Cheguei aqui quaaase meia noite, fui andando ate o Hostel, o que me custou umas meia hora , o que eu nao esperava, e cheguei lá um defunto e capotei.
Dia seguinte, fui dar uma volta pela cidade, amor á primeira vista. A primeira coisa que eu percebi foi a quantidade de bicicleta que tem. É mais bicicleta que carro e onibus e qualquer outra coisa. Mas ja me avisaram pra ter cuidado com elas, porque elas tem preferencia. Se nao quiserem parar nao páram, mesmo que venham a te atropelar.
Nessa mesma tarde eu encontrei a mae da Helo, que mora aqui e a irmazinha dela. Sao uns amores e ela me convidou pra ficar na casa dela. O que eu achei ótimo, porque assim nao preciso gastar com Hostel. Mas ficar no Hostel com certeza é mais interessante, mas infelizmente eu nao estou "podendo" no momento.
Acabou o passeio e eu voltei pra "casa" e dei uma olhada nas poucas pessoas que estavam lá. Um grupo de uns 6 meninos, bem jovens, mas incrivelmente belos, porém o que eles tinham de belos, tinham de metidos. Nao troquei uma palavra com eles ate eles irem embora. Depois encontrei um casal Australiano, fiquei conversando com eles enquanto eles dividiam uma marijuanazinha, e dois brasileiros. O engraçado dos Brasileiros é que eles nao fazem a minima questao de falar com as pessoas. Como se vivessem num proprio mundo.
Voltei pro quarto e encontrei uma japonesa, timida e meio assustada. Fui ate ela, me apresentei e a partir dai viramos amigas. O nome dela é Mio, e eu tenho saido algumas vezes com ela, até porque como eu, ela esta sozinha aqui, mas a diferença é que eu conheci mais gente aqui do que ela, entao estou sempre colocando ela no meio pra sair junto.
Nesse mesmo dia em que nos conhecemos, chamei-a pra sairmos pela cidade á noite. Escolhemos o Red Light District por ser mais interessante. O Red Light é um lugar mais pra homem do que pra mulher. Mas lá tem de tudo. É o famoso lugar rodeado de Coffeeshops e prostitutas nas vitrines, como mercadorias, se exibindo pra serem "compradas". Ate que tinham umas bonitas, mas tinha outras que deviam estar em liquidação.
Sentamos num pub que no inicio estava cheio, mas em 5 min ficou completamente vazio e o Bartender era sempre o mais animado de todos.
Voltamos cedo pra casa pois ja nao tinha o que fazer ali.
No dia seguinte, estava com um pouco de preguiça e resolvi ficar no hostel um pouco mais, e sair mais tarde. Foi aí que conheci Ali e Angus. Um Iraniano e o outro, Ingles. Eles sao amigos, ambos moram na Inglaterra. Comecei a conversar com o Ali, e ele me apresentou o outro. resolvemos dar uma volta na cidade todos juntos.
Primeiro fomos ao Joodmuseum, o museus dos judeus. Bem interessante. No caminho para ás compras eles foram me contando a experiencia deles com os famosos Mushrooms. Acho que nao ria assim á muito tempo.
Chegamos na rua das lojas, e o Ali é incrivelmente uma mulher. Ele fez a gente ir ate la só pra comprar um sapato que ele tinha visto e que nao saía da cabeça dele (Lais). Entramos na tal loja e ele achou um outro e ficou hoooooras tentando se decidir (Lais). Eu e o Angus gostamos do que ele nao levou, como sempre (Lais).
Depois das compras, ele era a pessoa mais orgulhosa do mundo. O mais engraçado é que na volta pro Hostel, no tram, um homem perguntou á ele onde ele tinha comprado.
Nesse dia era o aniversario dele, entao convidamos a Mio pra sair com a gente á noite pra celebrar. Ele cismou que queria ir numa tal boite de naked chicks, mas eu e o restante logico que votamos contra. Vencemos, mesmo sendo o aniversario dele.
Fomos á um bar, e depois á uma boate chamada The Escape, linda e enorme, super famosa, mas cara e incrivelmente entediante. A Mio estava se sentindo mal, o Angus bebeu demais e só restou eu e o Ali tentando se divertir, mas impossivel. Ficamos 1 hora lá e fomos embora.
A Mio e o Angus morreram assim que chegaram e só restou novamente eu e o Ali na internet vendo um monte de besteira.
Fomos dormir umas 4 da manha.
Mais um dia, e os meninos iam embora. Entao resolvemos dar mais um passeio, umas horas antes de eles irem. Comemos no Subway, como tinhamos feito no dia anterior, demos umas voltas pela cidade, fomos á uma sex shop, o que rendeu horas de riso e eles seguiram o rumo. Estou sentindo falta desses meninos, foi otimo conhece-los. Depois da despedida, Mio e eu seguimos para o Sex Museum. É claro que eu tinha que ir até lá. Nunca vi tanto pinto em toda a minha vida. Foi bem divertido tambem.
Depois me restou voltar pro Hostel e conhecer 2 Suecas novas no quarto e um Australiano completamente doente da cabeça. Resolvemos sair á noite juntos e na Common Room, conhecemos mais 3 Australianos e uma Canadense que se juntaram á gente.
Fomos á um bar, mas as suecas estavam entediadas pois nao gostam de sentar e conversar, e entao fomos ate uma boate, chamada Zebra.
Nunca vi tanta gente esquisita e feia na minha vida la dentro, mas a musica era boa. La dentro todo mundo se perdeu, uns foram embora mais cedo e outros sumiram. Restou 1 Australiano que estava indo embora e eu resolvi ir com ele.
Foi uma das noites mais estranhas da minha vida. É nesses momentos que eu vejo o quanto meus amigos sao importantes.
No dia seguinte eu deixei o Hostel, uma pena. Estou sentindo muita falta de lá tambem.
Continua...
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Poderia recomendar-lhes para que leiam, mas livro eu acho que é uma coisa muito individual. Eu me sinto diferente depois de ter lido, mas porque o livro falou diretamente comigo. Mas isso nao acontece com todo mundo e se o livro nao fala com voce, nao é interessante que voce o leia.
Por isso nunca fui muito fã de ler livros. Apenas leio os livros que desde o inicio entram na minha alma, como se eu estivesse naquele lugar, naquela hora, e vivendo aqueles momentos.
Este livro nao conta apenas a historia de uma prostituta, conta a historia de uma mulher, ingenua de uma certa forma, mas inteligente, que se ve diante de um destino que ela nao se opoe, que descobre seus limites, descobre a solidao, a dor, e o amor verdadeiro. Aquele em que voce nao deseja nada em troca, apenas o amor livre, e sincero.
E se o livro é a historia de uma mulher, mesmo que ela lute as vezes contra, mas uma mulher, e no caso ela tambem, nao pode viver toda a sua vida sem amar, e o livro retrata tambem na sua maior parte, sobre isso.
Todos nós sabemos amar, embora alguns pensem que não, pois nós já nascemos com este sentimento, o que falta depois no decorrer da vida é encontrar a pessoa que o desperte.
O sentimento existe, mas muitos nao sabem ás vezes como expressar, como fazer que o outro sinta, mesmo que isso esteja escrito em seus olhos, ou voce transpire amor enquanto esta ao lado da pessoa amada, mas o outro muitas vezes nao consegue enxergar tao profundamente e é necessário que voce diga, sem medo, sem esperar respostas, sem esperar nada!
Como diz um trecho do livro:
"Algumas pessoas ja amam naturalmente, mas a maioria tem de reaprender, relembrar como se ama, e todos, sem exceção, precisam de arder na fogueira das emoções passadas, reviver algumas alegrias e dores, quedas e subidas, até conseguirem ver o fio condutor que existe por trás de cada novo encontro"
Eu, de meses pra cá, me encontrei. Demorei muito tempo pra que chegasse esse momento, mas finalmente me encontrei. Nao me sinto mais aquela menina ingenua, que o destino sempre a conduzia à vida, mesmo antes de estar preparada e segura de si mesma. Essa outra ficou no passado junto com as coisas que a fez morrer.
A gente se encontra quando chega aos nossos limites. Pensei que tinha me encontrado por completo, mas a vida está sempre ensinando e mostrando que há mais momentos pra viver e coisas novas pra acontecer, coisas que voce nunca imaginara chegar à viver.
Eu, a cada dia que passa e que passou aqui, longe dos meus amigos, da minha casa, me sentindo muitas das vezes sozinha, embora nao esteja, mas se sentir sozinha nao significa apenas estar sem ninguem por perto, cada dia eu me conheço mais e me sinto mais forte.
Pois embora ja tenha vivido coisas inimaginaveis, estou ainda com meus 19, quase 20 anos e com uma vida toda pela frente, embora acho tambem as vezes que perdi tempo demais.
Eu tenho um instinto de liberdade que cresce dentro de mim à cada dia, querendo se libertar. Eu nao gosto de me sentir obrigada à algo, nao gosto se alguem decide algo por mim, ou me faça fazer o que eu nao quero. Muitas vezes cedo à vontades porque na vida voce nem sempre pode pensar em si mesmo, mas hoje eu posso dizer que me sinto outra pessoa. Nao que eu tenha mudado o meu jeito de ser, nao, mas o jeito de encarar. E sinto que hoje, estou preparada pra vida e pra tudo o que está reservado pra mim. Preparada talvez nao seja a palavra certa, pois nunca se sabe o que esta por vir, me sinto pronta. Pronta pra o que a vida tem à me dar e à me tirar.
Muitas vezes este "preparo" demora muito pra chegar, mas voce tem de apenas busca-lo e se aventurar em seus sonhos e perguntas e vontades, sem medo do que está por vir e foi isso o que eu fiz e me orgulho disso, me orgulho de estar começando à dar rumo à minha vida e espero que eu vá á fazer da maneira correta.
Me sinto viva como á anos nao me sentia, me sinto focada em atingir os meus objetivos, a vida me ensinou tanta coisa que tem gente que em toda a vida nao aprende e aprendi que pra tudo existe um tempo. Tempo de plantar e de colher, de sorrir e de chorar, de amar e de odiar, de dar a mao e de soltar, de ganhar e de perder, de nascer e de morrer, tempo de viver.
E aprendi tambem que nao é preciso ter pressa de encontrar um amor sem exigencias, livre, pra que eu possa entregar a minha alma sem medo de ser feliz e viver intensamente cada dia, sem pensar no amanha, como eu desejo hoje. Um homem certo, no tempo certo, que venha a surgir quando eu menos imagino, e que toda a magia e a sintonia aconteça da forma em que eu penso que será. Ou que eu apenas gostaria que fosse. Mas nao desejo mais criar expectativas em relação à nada, pois tudo vem com tem que ser.
Só posso dizer que quando chega esse momento, nao se deve hesitar, nem perder nenhuma oportunidade, nao deixar passar nenhum momento magico e principalmente respeitar a importancia de cada segundo.
E o que eu posso falar sobre amor? Só tive varias paixoes platonicas de adolescente e apenas um amor que me trouxe bons momentos, e ruins, e o que o faz importante, é que me fez ensinar e ajudar á me transformar no que sou hoje.
Nao estive com muitos homens, posso contar nos dedos, pois sempre deixei ser beijada à quem pelo menos me atraísse de alguma forma, seja só pelo olhar ou por uma grande quimica que surge nao sei da onde e nao sei como. Como raramente é possivel encontrar pessoas assim, pode-se imaginar. No país em que vivemos em que muitos pensam que nao é possivel ficar sem beijar pelo menos 1 por semana, posso dizer que eu vivo melhor assim.
O beijo pra mim é especial, precisa ter um sentimento ou simplesmente uma razao. O beijo nao foi feito apenas pra ser contabilizado, somado e multiplicado pra depois ser comparado com os das outras pessoas.
Logico que ja tive alguns momentos em que o alcool falou mais alto, mas nao guardo esses momentos, me envergonho deles.
Há pessoas que custam, ou nunca chegam à perceber que estavam enganados sobre tudo o que imaginavam e sonhavam, pois nem sempre tudo é da forma que a gente sonha, e agradeço, por ter enxergado a realidade de alguns dos meus sonhos nesta altura da vida. Porque os sonhos nunca acabam, depois destes sempre virao outros.
Nao posso dizer que vivi a minha vida ate agora intensamente. Muito menos nao posso dizer de que nao me arrependo de nada do que eu fiz. Pois me arrependo da maior parte.
Mas, do que adianta fica relembrando, sofrendo, fazendo perguntas e imaginando respostas, se o passado é passado e já nao importa mais? Nao temos o poder de voltar atrás e a vida fez assim.
Se nao aconteceu do jeito que deveria ser, nao há porque se arrepender, nenhum sofrimento ou arrependimento vai fazer mudar.
Temos apenas que nos focar no hoje, sem pensar demais no futuro e nem no passado. O passado foi feito apenas pra transformar-nos no que somos hoje e principalmente, pra que voce nao o esqueça completamente, mas guarde os momentos bons dele consigo, e os ruins como um ensinamento pra que voce nao repita os mesmos erros que cometeu e nao volte à se arrepender deles.
Tem muitos momentos na vida que a gente nao sabe como agir e se perde nas emoções, não sabe pra onde ir, se perde completamente. Ja vivi momentos assim, e encarei tudo isso sozinha, mas ao mesmo tempo sem me dar conta.
Hoje vejo que seria tao diferente se eu tivesse partilhado com uma outra pessoa, ou com a pessoa que estivesse envolvida. Sempre tive dificuldades em partilhar meus sentimentos e pensamentos, não sei bem o motivo, mas sempre tive um bloqueio que sempre me impedia.
Realmente nao sei explicar o porque, mas fui assim desde criança.
Mas isso me fez tao mal, foi tao ruim guardar os sentimentos comigo mesma e nao conseguir colocar eles pra fora, que finalmente já me vi livre dele.
E no livro a sensação é de que ela aprende junto comigo, e isso o torna especial, pois nestes dias em que eu não consigo dormir, tenho me dado ao luxo de pensar um pouco, coisa que eu nao costumava muito fazer, e gostaria de ter aprendido antes que a cada dia nós precisamos ter o nosso momento com nós mesmos.
Muitas vezes a vida da gente é tao corrida que nao há tempo as vezes pra parar e pensar, refletir. Mas isso é essencial, e quando nós estamos tão envolvidos em uma situação na qual as vezes nem nos damos conta do que estamos fazendo, esse momento é muito importante, pra enxergar e ver a vida, como se estivessemos do lado de fora dela por pelo menos alguns minutos.
sábado, 9 de agosto de 2008
"Souls don't die"
Eu como sempre, fui uma vergonha no quesito "pegar a fruta e colocar na vasilha".
Só consegui mesmo foi atrair uma abelha querendo se socializar, como sempre, e/ou matar a gente por estarmos roubando, totalmente sem escrupulos, a comida dela. Dessa vez eu deixei ela viver.
Enfim, saimos de la e paramos no caminho pra visitar uma parte do lago ou um outro lago, belissimo.
A noite, fui jantar na casa da Niko, ou alguma coisa assim, alias gostei muito dela. O jeito dela é espontaneo e sincero. Alias, o apartamento dela é muito bonito e bem no centro da cidade.
Conversamos sobre varias coisas e enfim, foi um bom jantar.
Depois disso fui pra Dublin COF COF haha e quando voltei o Omar estava aqui. Incrivel, eu falei tanto que queria ver o Omar, que né?! Enfim... O Omar é sempre engraçado, só pela cara dele e ele vive perguntando as coisas, a coisa mais absurda assim que ninguem sabe a resposta, ele pergunta.
Saimos no dia em que eu cheguei com uma Mexicana que chegou tambem no mesmo dia, chamada Cecilia, alias gosto muito dela tambem e o RRREI/RAAAIIIner, enfim, nao sei nem falar o nome dele quanto mais escrever, mas nao importa.
No dia seguinte fomos todos para Zug porque o Omar tinha uma entrevista de emprego e ele estava impecavel, todo social e mais parecido do que nunca com o Barak Obama. Tiramos varias fotos dele de Barak. AHHAHA Ai nao consigo nem lembrar disso sem começar à rir.
EEEnfim, à noite fomos ao cinema para ver um filme brasileiro. Sonhos de Peixe. Gostei, mas nao muito.
Depois no dia seguinte ele foi pra uma outra entrevista de emprego em Genève, ou seja, veio pra cá e não veio. Mas se ele é aprovado, ele vem pra cá MESMO. Mas tambem eu nao vou estar aqui, whatever...
A tardinha ele foi embora. Podia ter ficado mais, a presença do Omar é sempre indispensavel. É bom encontrar pessoas conhecidas depois de tanto tempo e ainda mais quando voce esta longe de casa.
Hm... Depois disso eu nao me lembro exatamente, mas fui ao lago ficar preta de novo, alias quaaanto brasileiro ficando preto no lago. Tinha ate brasileira vendendo guaraná no isopor.
Se achando em Copacabana.
É engraçado observar o nosso povo, eles sempre estao cheios de vida, e sempre procurando brasileiros e querendo mostrar pra todo mundo que sao tambem.
Enquanto eu pensava na vida, outra querida bee veio querer se socializar. Incrivel, mas eu acho que isso é pessoal.
Mas eu estava com um espirito maligno e quando ela se distraiu, eu peguei disfarçadamente o chinelo e a matei friamente. Fiquei com remorso depois, mas aí já foi.
Alias, ate uma joaninha da sorte posou em mim. É a segunda vez que uma vem tambem se socializar comigo. Mas mesmo sendo da sorte continua sendo uma joaninha, ou seja anda e ainda voa, e eu tenho nervoso. E eu nao matei ela nao, só pra deixar claro sociedade protetora dos animais. E sorte tambem nao tive nenhuma ate agora. Farsante.
Fui jogar boliche tambem, alias primeira vez, adorei.
Fiz um unico strike, mas tudo sorte de principiante porque depois a minha tendencia foi só piorar.
E ontem fui à um festival de curtas em Bülach. O filme da lagosta foi exibido, Chiquerrimo! Mas a lagosta ficou em segundo. Sou suspeita pra falar isso, ate porque de qualquer forma temos que torcer por nossos entes queridos, mas todos os filmes estavam muito bons sim, mas o que foi escolhido primeiro lugar nao era um dos melhores e a lagosta era bem melhor. Eu gostei da lagosta ficou muito bem feito. E aliás, eu fiz aí a legenda em Portugues, ok?! Erham...
Enfim, estou planejando aí uma ida á Amsterdam, e a Van acha que vai conseguir vir pra cá. E é isso aí, por hoje é só pessoal!
"Antes de morrer quero lutar pela vida. Se eu puder andar sozinha, irei até onde quero."
Aliás uma casa com um acervo de dvds de dar inveja á qualquer cinéfilo e á qualquer criança, pois ele me mostrou uma das suas paixoes que é uma especie de ferrorama, mas imenso, todos os trens perfeitos, que soltam fumaça e fazem sons. Alguns feitos em diversas partes do mundo e tudo controlado por computador. Ainda inacabado, mas pelos olhos dele, ele nao vai parar enquanto nao ver tudo perfeito. Será ótimo para os seus netos, e pra ele tambem.
O meu irmao deve sonhar com um desses, já que ele guarda, em consideração ao que eu vi, uma miniatura de ferrorama com se fosse o seu maior tesouro.
Ele é uma pessoa de um olhar e expressao muito boa, e uma especie de criança grande.
Desde o dia em que eu o conheci no Rio, tive essa impressão. Ele parece amar e tenho certeza de que ama muito os filhos e tem muito orgulho deles. Ele fala dos filhos com um carinho mais do que especial, embora toda a historia que eu sei da familia, eu sei que ele faz tudo pra que os filhos tambem sintam o mesmo orgulho que ele sente.
Mas voltando ao livro, estou ainda no inicio, mas o livro é mais do que interessante. Se trata de uma jovem do interior do Brasil que seduzida pela ideia de ter fama e poder casar e dar à si mesma e à familia um futuro melhor, aceita uma proposta de um Suiço, em sua primeira viagem ao Rio de Janeiro, de ir para o exterior para ser dançarina. Até entao ela seria dançarina mesmo, ate ser demitida e receber um bom dinheiro de indenizaçao que daria para voltar para o Brasil e mais um pouco, mas ela nao queria desistir do sonho de ser rica e entao decide tentar a vida na Suíça como modelo. Como nao consegue, nao por escolha, mas o destino a levou á prostituição e ela nao lutou contra isso. Sem se importar com pudores, pois pra ela ninguem a conhecia ali e isso seria apenas uma fase de sua vida.
Ela nao poderia voltar pro Brasil e dizer pra sua mae que nao conseguiu ser estrela, nem dinheiro e/ou contar pras suas amigas que ela fracassou nos seus sonhos.
Mas nao é sobre isso que eu quero falar ainda. No inicio do livro ela conta sobre suas desilusoes e primeiras paixoes.
Em algumas situaçoes eu senti que lia as minhas proprias experiencias.
Ela relata que depois de tanto ouvir " Eu te amo" essas palavras nao fazem mais sentido pois sempre acabavam em desilusoes e ela decide entao nao mais amar e apenas utilizar dos homens prometendo à si mesma nao se apaixonar e nao se deixar envolver emocionalmente, pois pensava que os homens só traziam dor, frustação, sofrimento e ansiedade. Ansiedade de que a vida passe logo pra que possa surgir uma pessoa capaz de trazer um amor verdadeiro e de poder ser feliz e completa com alguem.
Ela prometeu nao apaixonar-se mais, pois a paixão estraga tudo.
Mas infelizmente nao é possivel controlar os sentimentos e a paixão sempre vem e quando vai, vem o sofrimento.
A Maria, sempre amou calada, ou amou em vão. Amou calada por medo do amor, por já ter sofrido e medo da paixao estragar tudo e isso faze-la sofrer novamente, ou de simplesmente nao saber se esta fazendo a coisa certa.
E amou em vão, pois todas as relaçoes que ela teve e que ela amou e soube ou nao entregar e se entregar, sempre acabou quando ela pensava que estava perfeito ou que estava perto de ficar.
E disso tudo só restou pensamentos de " será que a culpa de todas essas perdas foi minha, e por medo? e se eu tivesse dito ou feito de outro jeito, teria sido diferente?" e arrependimentos que poderão ou nao durar por toda a vida, e infelizmente a maioria dessas perguntas não terá a sua resposta.
Ela é forte, decidida do que quer, nao tem medo de enfrentar os seus limites e deixa que a vida se encarregue dela e só o que resta é olhar a vida de uma outra forma.
E foi a propria vida e o destino que a tornou desse jeito.
Vou mostrar um trecho muito interessante pra mim.
E já que eu aprendi tudo isso e hoje tenho essa visão do mundo e da vida, sempre procuro passar isso para as pessoas que eu quero bem, nao querendo que sigam o que eu digo, pois muitas coisas a gente só aprende depois que cai e se levanta inumeras vezes.
" O que quer o mundo de mim? Que nao corra riscos? (...) Ja agi mal quando tinha 11 anos e um menino me pediu um lapis e eu por ama-lo tanto, a minha reaçao foi ignora-lo. Desde entao, entendi que as vezes nao existe uma segunda oportunidade, é melhor aceitar os presentes que o mundo oferece. (...) Se tenho de ser fiel à alguem ou a alguma coisa, em primeiro lugar tenho de ser fiel a mim mesma. Se busco o amor verdadeiro, preciso primeiro de ficar cansada dos amores mediocres que encontrei. A pouca experiencia de vida que tenho, ensinou-me que ninguem é dono de nada, tudo é uma ilusão. Quem já perdeu alguma coisa que tinha como garantida, acaba por aprender que nada lhe pertence.
E se nada me pertence, tao pouco preciso de gastar o meu tempo cuidando das coisas que nao sao minhas; é melhor viver como se hoje fosse o primeiro ou o ultimo dia da minha vida."
A vida é feita de riscos, se cair e só levantar, é querer buscar conhecer a si mesmo e ate onde voce pode chegar, é nunca desistir de seus sonhos, desejos e necessidades, NUNCA, nao pense que é impossivel ou que vai demorar muito pra acontecer. Voce nunca sabe, tudo pode estar mais perto do que voce imagina.
Muitas vezes quando voce finalmente alcança nao é como voce esperava que fosse. E é normal que se sinta insatisfeito, triste ou angustiado. Mas levante-se, se encontre, tente coisas novas e siga sempre adiante.
Eu tinha um sonho que era vir pra Europa. Sempre pensei que só poderia realizar quando eu ou meus pais ficassem ricos. Mas um dia eu nao estava passando por momentos muito bons, momentos de falta de auto-conhecimento, e de angustia, decidi que iria viajar em alguns meses.
Estava trabalhando num emprego que nao me fazia feliz, mas insisti, chorava quase todas as noittes, mas ainda continuei persistindo e guardando todo o dinheiro que eu recebia, me privando de muitas coisas e todo mundo dizia que eu nao ia conseguir ou que isso era ideia doida da minha cabeça e que nao era hora pra isso ainda.
Nao dei ouvidos, como nao costumo dar quando tomo uma decisao, e finalmente chegou o dia em que eu estava com todo o dinheiro das passagens em maos. Eu suava, e sorria, nao conseguia acreditar que eu finalmente tinha conseguido e iria fazer a viagem da minha vida e no momento em que eu mais precisava disso.
Esperei por meses, ate que estou aqui. Nada tem ocorrido como eu planejei, eu já lamentei, já chorei, mas a vida depende do lado em que voce a vê. Quem sabe tudo isso nao teria que ter acontecido? Quem sabe eu realmente nao antecipei e essa nao era a hora? Mas tudo isso, está me ajudando á me encontrar, me completar, á achar as respostas que eu precisava, á crescer, á ver o mundo por um outro lado, á dar mais valor ao que possuo, á nao pensar no que eu poderia/faria/estaria, nada disso importa.
Nao completei tudo o que eu queria aqui, mas hoje me sinto satisfeita com tudo o que eu tenho acrescentado na minha vida. E sinto que ainda tenho mais coisas pra levar comigo daqui. Negativas e positivas, TUDO se tem que levar um pouco pra saber o que é e como é viver.
Ainda tenho muitos outros objetivos e sonhos pela frente. Esse é só um passo que eu resolvi dar. Apenas um. Agora deixo que a vida se encarregue do restante, mas já com muitas experiencias e outras visoes pra ajudar a guia-la.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Women Prison
Enfim, nossa, tenho tanta coisa pra contar, tantas coisas inacreditaveis. Essa viagem tem sido mais do que uma simples viagem pra mim. Tudo tem acontecido ao mesmo tempo e tudo tem acontecido mais rapido do que deveria.
Vou continuar de onde eu parei. Bom, nao fui ver a Neve coisa nenhuma, alias vi, mas de longe, fui para uma outra montanha que eu nao me lembro mais o nome, "caçar" blueberry, e lutar com abelha, como sempre. Mas dessa vez nao dei uma de assassina nao.
Ficamos um tempo lá admirando o lugar que aliás, belissimo. Depois eu nao me lembro o que eu fiz. Se eu nao lembro é porque nao foi interessante.
Mas enfim, no dia seguinte, arrumei minhas maletas e fui pro aeroporto embarcar para Dublin. Tudo ok, ATE eu descobrir que o meu cartao de credito, simplesmente, nao esta funcionando aqui, que bello. Tentei ligar mil vezes para o Banco mas alguem aqui acha que alguem consegue falar com o Banco do Brasil? E a resposta é... NAO.
Mas nem me preocupei muito porque eu tinha a carta da Van, aí tudo belê. Embarquei, 1 hora e pouca só de viagem, mas dentro do avião eu tive a sensação de que eu não ia conseguir passar pela imigração. Mas agora não tinha mais jeito.
Quanto cheguei no passport control, tinha uma mulher e um homem. Eu pensei: Acho que vai ser melhor se eu for na mulher. Só que a mulher ocupou bem na minha vez. E eu tive que ir no homem com cara de " Eu vou deportar você". Enfim, fui tranquila, porque pra mim estava tudo certo. Assim que ele olhou meu passaporte e viu que eu era Brasileira, ele já mudou logo a expressão. Disse "Boa Tarde" pra ele, e mostrei os documentos que eu tinha. Ele imediatamente disse que eu nao podia ficar porque eu nao tinha a passagem de volta. Mas o email estava na mao dele com as passagens, ele realmente queria dificultar as coisas.
Ele viu as passagens e disse que a Van nao pode receber visitas, ou seja, eu já estava oficialmente deportada. Me fez um monte de perguntas sobre a Van que eu nao sabia responder. Me chamando de mentirosa quase o tempo todo, ele nao acreditava em uma palavra do que eu dizia. Entao eu disse pra ele que eu tinha dinheiro no cartão de crédito, conclusão: fomos testar o cartão e adivinha? Nao funcionou. AHA, VIVA o Banco do Brasil!!! Entao ele novamente me chamou de mentirosa e disse que eu nao tinha one thousand EVEN five hundred. Eles me colocaram numa sala trancada e nas paredes só haviam dizeres de, a maioria, de brasileiros. E enfim, fui revistada e enviada para uma delegacia junto com uma oficial.
Delegacia horrivel, na qual eu fui fichada e tiraram minha foto aquelas com data e tudo, coisa bem "sou perigosa, cuidado". A oficial disse que eu ficaria ali aquela noite. Eu entrei em pânico, porque era uma cela, sem nada, com um pinico pra fazer xixi, e fedorenta, o inferno basicamente. Perguntaram se eu tinha fome... COMO que alguem pode ter fome numa situação dessas? Só pedi para fazer uma ligação, e liguei para o Sims. Expliquei toda a situaçao, mas eles nao me davam nenhuma informaçao sobre nada, eu estava completamente sem saber o que fazer, e desesperada, eu nao tinha mais reaçao pra nada. Eles nao deixaram eu pegar nada da minha mala e tomaram o meu celular antes mesmo de eu saber que nao tinha sido aceita. Umas 3 horas depois, fui revistada e eles me levaram para uma prisão de mulheres, em Dublin 7 (que alias so fui saber que era uma prisão 1 hora depois). Já era noite e da van nao dava pra ver nem um pedaçinho da cidade.
Chegando na prisão, eu ouvi os oficiais dizerem que eu ficaria lá apenas até o Domingo de manhã. E isso era numa sexta-feira á noite. Comecei à ficar nervosa porque até aí eu nao sabia o que eles iam fazer comigo.
Fui revistada novamente, tiraram outra foto, pegaram todos os meus dados e me fizeram varias perguntas, se eu ja tive problemas com drogas, se eu já tinha tentado me matar, coisas assim.
Uma enfermeira depois veio e retirou minha pressão, e disse que eu visitaria um medico no dia seguinte pela manha, pra ver se eu estava bem. Me deram uma roupa, sabonete, escova de dente, tenis, tudo novo e limpo.
Outra oficial, que alias, um amor, me levou ate o meu "quarto" e me apresentou à minha Roomate, Bianca. Ela veio da Africa do Sul, tem 21 anos e está lá à apenas um mês e foi presa por trafico de drogas. 1kg de cocaina. A pena dela é de 8 anos e ela trabalha na cozinha da prisão.
A Bianca me levou ate o quarto e me explicou como funciona as coisas. Voce nao pode trancar a porta do quarto quando está dentro e tem que fechar quando sair porque as outras presas podem roubar as suas coisas. Ela me convidou para tomar um chá e me deu pão e disse que eu podia torrar e enfim, eu definitivamente nao estava pensando em comer, e apenas deitei na cama e chorei, como eu tinha feito o dia todo. E observando o quarto, uma belissima bandeira gay. Pensei se todas ali eram gays antes ou ficaram quando chegaram lá, ou whatever. Eu nunca pensei em toda a minha vida que eu poderia um dia estar em uma prisao. Ainda mais com 19 anos. Doía porque eu nao sou nenhuma criminosa e eu so estava tentando visitar um lugar, o que tem isso de mais? O que eu fiz pra eles fazerem isso? Só assim que eu passei à dar mais valor ao meu país. Porque o que mais importa pras pessoas é a sua nacionalidade e eu tenho muito orgulho de ser de onde eu sou, mesmo que isso atraia preconceitos em outros paises.
Peguei no sono, depois de horas, e fui acordada na manha seguinte com a "checagem". As oficiais sempre abrem as portas durante a noite, ou logo pela manha, pra saber se ta tudo ok. A Bianca tambem acordou e me explicou quando era o horario do almoço e que eu podia ficar no jardim. E logo me apresentou à uma brasileira que estava lá já à uns 5 dias pela imigração tambem. Ela parecia abatida, mas já um pouco adaptada. Foi bom ve-la. Nao me senti tao "prisioneira" pois ela estava na mesma situação que eu.
Fiquei conversando com ela por um bom tempo, ela sorria, assim como eu, pra tentar amenizar a situação. Ela contou que estuda e mora em Dublin e que foi pega na volta de Londres, onde ficou com o namorado por 2 dias, só porque nao estava com a carta da escola em que ela estuda em Dublin, em maos.
Depois ela me levou ate uma presidiaria Venezuelana, chamada Adriana, muito simpatica e atenciosa. Ela tambem foi presa por trafico de drogas, 4kg de cocaina. Estava lá à 8 meses. Tem 46 anos, e um filho. Sua irma morreu faziam 15 dias e ela parecia ainda triste por isso, mas disse que nao ia chorar mais por isso. Ela é talentosissima, faz esculturas e pinta camisetas, quadros e qualquer coisa. Os desenhos que ela mais gosta são os de anjos e ela estava trabalhando em uma camiseta que atras eram asas. Pediu minha opiniao varias vezes, mas nao gostou muito do resultado. Uma pintora exigente eu diria. Ela em todo o momento me tratou com confiança pra compartilhar os seus segredos, e me mantinha sempre com ela. Ate mesmo nas horas das conversas particulares, sabendo que eu entendia tudo o que ela dizia. Até ajudei quando ela queria falar com outras duas presidiarias, muito estranhas e feias, eram um casal, que nao sabiam falar em espanhol e o ingles dela nao é muito bom. Ela chegou ali sem saber falar nada, mas presta bem atençao e sempre le um pouco do dicionario.
A conversa entre elas era que ela queria arrumar um emprego ali, fazendo pinturas, assim como uma dessas duas fazia. Foi facil, a outra falou com um dos chefes e conseguiu o emprego pra ela e eu que dei a noticia, porque ela nao entendia em ingles o que era. Depois ela comecou a falar alguma coisa que eu nao entendia bem, porque ela nao queria ser muito clara, sobre a Bianca e uma outra chamada Sasha. Ela sorria pra mim e dizia: " Voce entende tudo né?!" Mas eu nao tinha entendido nada realmente. No fim da conversa, enquanto voltavamos para o jardim, ela disse: " Já que voce entende tudo, já sabe que eu sou gay!" E nao, eu nao sabia, mas pra mim nem seria tao novidade, pelo visto a maioria delas são.
Entao, eu cheguei a conclusao de que... ela esta querendo alguma coisa com a Bianca, minha roomate. Interessante.
Chegou a hora do almoço e a Raquel nao queria nem comer, mas eu insisti que ela fosse, porque ela nao podia se entregar assim. E o menu era: batata-frita, lasanha e salada. Ate que um bom prato pra uma prisão.
Nao consegui comer quase nada, mas fiz uma força. Depois quando desci encontrei uma senhora, de alguma igreja, dessas que visitam prisoes. E ela me deu muita força e foi muito atenciosa, me deu conselhos do que eu deveria fazer quando eu chegasse no aeroporto. Eu estava muito preocupada se eles iriam me deportar de volta pro Brasil e nao pra Suica e sobre as minhas malas que eu nem sabia onde estavam.
Depois fiquei um tempo no jardim com a Raquel e com a bela companhia de um cachorro branco lindo e amavel, que me fez tambem esquecer um pouco de onde eu estava.
Logo depois veio outra senhora, da igreja, e sentou pra conversar. Quis ensinar algumas coisas sobre Deus, mas nada que eu ja nao saiba e ja nao tivesse feito. Mas as palavras dela e o jeito em que ela me tratava foram tao fortes que eu nao resisti e desabei em lagrimas de novo e a Raquel tambem. Era só isso que eu podia fazer. Ela me disse que eu parecia um anjo e me deu um doce.
Eu só pensava o dia inteiro em ligar pra alguem pra avisar onde eu estava, já que eu só tinha ligado uma vez, e pro Sims, da delegacia, no dia anterior. Fiquei extremamente preocupada com todo mundo estar preocupado, e de como estaria a minha mae, se ela sabia de alguma coisa.
Eu pedi pra fazer ligacoes, mas naquele horario so podia as nacionais. E o numero da Van estava no meu celular, que estava no Aeroporto. Eu esperei dar o horario em que abria a recepçao e quando finalmente abriu, era PAUSA pras oficiais jogarem volleyball. ok. Fui ate la assistir o jogo e era Presas x Oficiais. Todas elas num clima bem descontraido e se abraçando coisa que eu nunca vi igual. Enquanto a Bianca fazia um aquecimento, a Adriana olhava ela com olhar de cobiça. Foi aí que eu tive certeza que era isso mesmo que eu tava pensando.
Alias, a quadra todo mundo pode usar e ao mesmo tempo, e tem sala de ginastica com todos os tipos de aparelhos e lá pode praticar quase todos os esportes.
Desisti de assistir porque nao parava de pensar em ligar e chegando no jardim, uma ruiva, que eu nao me lembro a nacionalidade, ela nao falava ingles e nao sei que lingua era aquela, ela me entendia perfeitamente, mas eu nao entendia uma palavra do que ela dizia, disse que a Raquel estava com visita. Era o namorado. Eu queria tanto que a Van fosse me visitar, mas infelizmente nao lembrava o telefone dela de cabeça.
A Adriana voltou do jogo e me chamou pra acompanha-la, porque eu estava no jardim sozinha, pensando. Novamente fomos no quarto daquele casal esquisito e ela começou á dizer que amava a Bianca e que queria se mudar pra mesma casa que eu, pra poder ficar perto dela. Essa prisao funciona assim: sao casas, com varios quartos. Quando dá a hora de todo mundo recolher-se, as oficiais trancam a porta das casas e só pode haver circulação entre os quartos. E não entre as casas.
Ela disse que ia ver com alguma oficial se podia mudar. E tambem, ja que eu estava saindo, seria perfeito pra ela se ela pudesse ficar no mesmo quarto que a Bianca.
Depois da conversa, voltamos para o quarto dela pra que ela terminasse sua pintura e pra assistir um filme. O filme nao era la dos muito bons, um suspense, mas ate que foi interessante pra distrair e a gente rir um pouco. A Raquel dizia que depois de estar ali, nenhum filme de terror assusta mais. Acabou o filme, e a Adriana me contou que ela tem um celular no quarto, que ela conseguiu. E pediu que se eu pudesse fazer um favor enorme pra ela, que seria comprar um cartao pra recarregar o celular, pra que ela possa entrar em contato com a familia. Ja que la voce so pode fazer apenas uma ligacao por dia. E eu vou fazer isso por ela. Ela me ajudou tanto que eu nao poderia dizer nao.
Chegou a hora da janta, mas eu nao quis comer. Ainda pensava fixamente na ligaçao que eu tinha que fazer. Entao voltei la e ela pediu que eu voltasse meia hora depois. Quando voltei, ela disse que eu nao poderia fazer mais ligaçoes naquele horario. Eu esperei o dia inteiro, ja sabendo que isso ia acontecer. Comentei sobre isso com a Adriana e ela disse que no dia seguinte eu poderia ligar do celular dela, se eu comprasse os creditos. Boa troca. Mas eu esperava nessa hora ja estar no aeroporto voltando pra Zürich.
Voltei para a casa e as oficiais nos trancaram. Nesse meio tempo, eu encontrei uma mulher no corredor chorando e falando ao telefone. Chegando mais perto, pude ouvir ela falar em Portugues, e logo vi que ela era brasileira e estava na mesma situaçao que eu. Corri pra ver se eu conseguia contar pra Raquel pra que ela nao se preocupasse, se eu fosse embora no dia seguinte, porque chegou mais uma da nossa terrinha. Mas nao dava mais pra ir para a outra casa.
Ela parecia transtornada e abatida assim como eu estava no primeiro dia. Entao dei um apoio à ela assim como eu recebi quando cheguei e à apresentei à Bianca, que tambem ensinou mais coisas á ela, já que ela iria ficar até à quinta, porque na segunda era feriado na Irlanda.
Ela tambem nao conseguia comer assim como eu, mas fomos ate a cozinha pra que ela tentasse. Lá ficamos conversando com outras duas presas, mae e filha, que nao quiseram dizer o motivo de estarem ali e juntas, e ela ainda tem outra filha presa ali. Ela conversou muito com a gente e me apavorou dizendo que eles iam me mandar pro Brasil. Elogiou o meu ingles, e foi muito simpatica e se mostrou preocupada comigo por eu dizer que nao queria voltar pro Brasil. Como voltar pro Brasil se eu mal cheguei aqui??? Eles nao podiam fazer isso. Ela contou sobre algumas coisas de prisao e que a gravida que estava ali, tambem foi presa por trafico assim como a maioria, mas que tambem tinha assassinado uma pessoa.
Nessa prisao tinha mulheres muito bonitas e de varias partes do mundo e elas pareciam estar felizes ali. Tinha uma outra Venezuelana que estava com uma filhinha de meses. Só imaginei a hora em que ela tiver que se separar dessa criança.
Fiquei conversando muito com a Maria, a Brasileira, no quarto dela. Ela contou um pouco sobre a vida dela e tambem porque estava ali. Ela namorou um tempo com um traficante de Galles. Ela disse que so foi saber que ele era traficante depois que ja estava com ele e ele era usuario e viajava muito. Nao tao dificil de chegar à essa conclusao. Ela disse ser apaixonada por ele ate hoje. Ela foi presa pela imigracao porque ela comprou um curso em uma faculdade em Dublin, e estava vindo da Alemanha, onde deixou a sua filha pra estudar lá. Só que ela ja morava em Dublin ilegal, e ao passar pela imigraçao, devido à um cadastro que ela tinha em um restaurante em que trabalhou, eles descobriram que ela ficou 3 anos na Irlanda ilegal. Ela nao precisou dizer mais nada. Ela tinha dinheiro e estava tentando legalizar a situaçao, mas eles disseram que vao mandar ela de volta pro Brasil porque ja tem muito Brasileiro na Irlanda. Ate que ela nao esta tao triste, pois disse que à muito tempo nao ve os filhos e os parentes. Ela parecia mais tranquila agora.
Depois chegou a enfermeira, com o meu remedio pra dormir. Tive que inventar uma historia de que tomo anti-depressivos só pra dar trabalho e pra que eles me dessem um calmante.
Uma das oficiais que me viu no quarto conversando com a Maria, disse que se eu quisesse eu podeira dormir la com ela aquela noite. Entao eu peguei as "minhas" coisas no quarto da Bianca e desci. Ficamos conversando por mais um tempo, mas o remedio ja tinha feito um bom efeito e eu nao conseguia mais raciocinar. Ate que caí na cama e apaguei. Só conseguia pensar em ir embora na manha seguinte.
Fui acordada por uma oficial perguntando o meu nome. E finalmente, eles vieram me buscar e eu ia voltar. Me despedi da Maria e desejei boa sorte, enquanto a oficial me deu so 5 min pra que eu me aprontasse.
No caminho ate a recepçao, a oficial tambem e desejou boa sorte e foi muito amavel.
Novamente fui revistada e entrei na Van com dois oficiais. No meio do caminho eles pararam pra buscar uma mulher que tambem parecia muito abatida. Pouco depois, eu ja estava no aeroporto.
Trancaram, a mulher e eu, em outra sala daquelas em que eu fiquei pela primeira vez. Ai entao perguntei de onde ela era, ela disse que da Bolivia e que era casada com um Ingles. Ela so foi presa porque ele devia estar junto dela, mas o voo dele atrasou e ele chegou umas 3 horas depois. Ela disse que gastou 4 mil dolares pra vir e que nao tem mais esse dinheiro. O marido dela vive em Londres e ela quer vir morar com ele.
Conversamos por muito tempo, enquanto esperavamos e eu pedi pra fazer uma ligaçao. Liguei para o Sims, dando sinal de vida e ele me contou que meus pais ja sabiam de toda a situaçao, me deu uma dor muito grande no coraçao ao saber que eles deviam estar muito preocupados. Ate agora ainda nao sabia se voltaria pra Zürich ou nao. Ele disse que ligou e que eu voltaria pra Zürich sim. Fiquei mais aliviada e depois que desliguei confirmei com a oficial que perguntou se eu me sentia bem e se eu queria comer. Eles foram ate uma lanchonete comprar alguma coisa pra mim e pra Boliviana que eu nao perguntei o nome.
Duas horas depois eles vieram buscar a gente e finalmente eu ia voltar. Mas eu ainda nao estava tranquila porque poderia acontecer alguma coisa no aeroporto de Zürich.
A viagem foi mais longa do que parecia e a sensaçao de deixar Dublin era maravilhosa. Era de um alivio muito grande e toda aquela pressao e todo aquele trauma que eu passei, pareceu sumir da minha cabeça. Eu nao sei de onde eu tirei tanta força pra aguentar e superar tudo isso, mas eu acho que ja passei um momento muito pior do que esse na minha vida.
Chegando no aeroporto daqui, fui encaminhada pra um policial. Fiquei morrendo de medo, mas procurei passar tranquilidade pra ele e respondi as perguntas que ele me fez e ao contrario do imbecil de Dublin, ele entendeu e me liberou.
Quando eu cheguei no saguao das malas eu suspirei aliviada, e quando eu vi o Sims e o Omar me esperando, eu deixei toda aquela tristeza pra tras pra continuar as minhas férias como se nada disso tivesse acontecido.
Continua...